Bicicleta vira alternativa contra gasolina cara, mas acidentes disparam - 10/06/2022 - UOL Carros

2022-06-25 02:45:37 By : Archer Tan

Lançamentos, avaliações e tudo sobre automóveis e motos

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Jornalista especializada no mercado automotivo desde 2014, Paula Gama tem 28 anos e avalia diversos modelos no Brasil e no exterior. Nesta coluna, você terá opiniões sinceras sobre os lançamentos, cultura automotiva, tendências e análises de comportamento do consumidor.

Desde o início da pandemia, os brasileiros vêm procurando soluções para driblar os sucessivos aumentos no preço do combustível. Ainda em 2020, as motos invadiram as ruas brasileiras como alternativa de transporte barato e ágil. Como consequência, já no primeiro semestre de 2021, o número de internamentos no SUS por sinistros com este tipo de veículo teve um aumento de 14%.

A pandemia e o preço do combustível também fizeram com que as bicicletas entrassem em cena, mas divididas em duas categorias: as de lazer - com manutenção em dia e acompanhadas de equipamentos de segurança - e as que viraram um meio de transporte por pura necessidade - nesse segundo caso, nem sempre em boas condições de uso. Uma análise de mercado do Itaú Unibanco mostrou um boom de 54% nas vendas de bikes no país em 2020.

A maior presença de ciclistas nas vias brasileiras mostrou seu efeito colateral no ano seguinte: o total de sinistros graves com ciclistas no Brasil aumentou 11% no ano passado, quando comparado ao ano anterior. Em números absolutos foram 14.416 casos em 2020 e 16.070 em 2021. De acordo com a Associação de Medicina do Tráfego (Abramet), muitas dessas lesões poderiam ser evitadas pelo simples uso do capacete.

Dados da Abramet mostram que, entre 2018 e 2020, o Brasil registrou quase quatro óbitos de ciclistas por dia. Além disso, cerca de 55,8 mil ciclistas foram internados gravemente na rede pública entre 2018 e 2021, vítimas de sinistros de trânsito (80% do gênero masculino e 47% com idades entre 20 e 49 anos).

Em alguns estados, o número de internações praticamente dobrou em 2021, como é o caso do estado de Goiás: aumento de 101% em relação ao ano anterior. Também chama a atenção o salto no número de sinistros graves envolvendo ciclistas nos estados do Ceará (44%), Sergipe (37%) e Rio de Janeiro (34%).

Ao avaliar a causa dos acidentes, é preciso levar em consideração alguns pontos: o primeiro é que o motociclista não é preparado para o trânsito como condutores de motos e carros, além disso, por necessidade, alguns circulam com bicicletas sem freios e com outros problemas. Outra questão é a imprudência dos condutores de veículos maiores, que colocam em risco a fica de ciclistas e pedestres. Por fim, é necessário levar em consideração as péssimas vias brasileiras, muitas vezes, não há espaço e pavimento de qualidade para que pedestres, bicicletas, motos e carros circulem em harmonia.

As informações apontam para uma conclusão: o subdesenvolvimento do Brasil mata cada dia mais pessoas. Digo isso porque em países desenvolvidos, onde as condições de rodagem e organização do trânsito são centenas de vezes melhores do que as nossas, o uso de motos e bicicletas como meio de transporte são mais atrelados ao estilo de vida do que à necessidade. O que permite que as pessoas escolham esses equipamentos com mais informações e livre arbítrio.

Por aqui, o empobrecimento da população leva as pessoas a buscarem soluções mais baratas do que o carro e mais ágeis do que o transporte público para se locomoverem, mas muitas vezes sem os equipamentos e instruções necessários. Basta reparar a diferença entre um ciclista por esporte e um ciclista por necessidade: quase sempre, apenas o primeiro utiliza roupas específicas, capacetes e joelheiras.

De acordo com a Abramet, por quilômetro percorrido, aqueles que se deslocam através de bicicletas têm oito vezes maior probabilidade de morrer em um sinistro de trânsito do que ocupantes de um veículo de passeio, sinistralidade superada apenas pelos deslocamentos a pé (nove vezes) e por motocicletas (20 vezes). É razoável que os brasileiros tenham que escolher uma opção mais arriscada de transporte por necessidade?

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** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL

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