Caminhoneira faz sucesso nas redes sociais mostrando o dia a dia nas estradas do país - Oeste Mais

2022-08-08 06:44:49 By : Ms. mei lin

Sempre muito disposta e apaixonada pelo volante, a mãe Silvana Cenci, de 46 anos, natural de Videira, vem se tornando referência para as mulheres na carreira de caminhoneira.

Motorista de carreta há pouco mais de dez meses, a mulher roda as estradas do país fazendo entregas e se divertindo com aquilo que mais gosta de fazer na vida.

Moradora de União da Vitória (PR), Silvana é casada e tem duas filhas: a Caroline, com 21 anos, e a Morgana, com 11 anos, e sempre é recebida de braços abertos quando retorna das viagens longas e cansativas que faz.

A história de Silvana como motorista começou muito cedo. Ela sempre foi bem curiosa e esperta, e com apenas três anos de idade, fazia as “proezas” enquanto o pai Jerônimo (já falecido) não estava olhando.

O pai de Silvana havia recém adquirido uma pickup nova, de cor verde. Estava tão contente com a aquisição, que nem se preocupou muito se estava com as portas fechadas ou não.

Estacionado na garagem da casa, onde dividia espaço também com a lavanderia, o carro estava “dando sopa” com a chave na ignição.

“Eu entrei na caminhonete e liguei. Imagina, a marcha engatada, não deu outra. Acabei derrubando parede, derrubei garagem, depois o pai nunca mais deixou a chave na ignição”, relembra Silvana aos risos.

Com oito anos de idade, a mãe videirense já conduzia jerico, e usava o veículo para tocar os bois na propriedade onde a família residia na época.

Logo depois, Jerônimo comprou um tratorzinho e Silvana passou a aprender ainda mais. Dava até os famosos “cavalos de pau” com o veículo do pai.

As aquisições da família foram subindo para tratores e veículos maiores, e Silvana passou a fazer o serviço praticamente sozinha na roça, onde plantava, passava veneno, e outras coisas mais.

“Uma alegria imensa, uma vontade de ser o braço direito do pai, sou filha mais velha”.

Quando Silvana Cenci completou 15 anos, a jovem se deslocou com pai para Toledo (PR), de caminhão, para levar vinho e buscar uma Pampa que veio como pagamento de dívida de um morador.

Como o pai precisava retornar para o Oeste de Santa Catarina com a Pampa, Silvana ficou encarregada de dirigir o caminhão, que estava carregado com mais de 2,3 mil garrafões de vinho vazios. Apesar do perigo, deu conta do recado.

Com a crise do Plano Collor, nos anos 90, a família de Silvana acabou sofrendo bastante, chegando a quebrar. Por conta disso, Jerônimo precisou vender todos os veículos da propriedade, o que fez com que Silvana, na época com 15 anos, fosse trabalhar no comércio da cidade de Videira.

Em 2007 conseguiu pegar a estrada em um caminhão, de carteira assinada, realizando o transporte de embalagens para uma empresa do município. Depois disso, nunca mais abandonou o volante.

 “Minha vida é o caminhão”.

Em seus 46 anos, Silvana já trabalhou com caçamba, com escavadeira, retroescavadeira, e hoje está há dez meses na empresa Tozzo, de Chapecó, fazendo o trajeto mercosul.

“O que mais me motiva de poder dirigir uma carreta, é de chegar nos clientes e por onde passar ser admirada pelo meu profissionalismo”.

A família nunca abandona 

O marido de Silvana é borracheiro em União da Vitória (PR). Segundo a esposa, ele tem problema na coluna e deverá passar por uma cirurgia pelo SUS para a colocação de oito pinos.

Apesar do estado de saúde, não deixa de apoiar a companheira no trabalho tão amado por ela. Mesmo longe, sempre manda boas energias para ela e aproveita muito o tempo quando Silvana chega de viagem.

“Me apoia muito, me ajuda muito, tem bastante conhecimento de caminhão e estrada, ele é um amor de pessoa”.

Ficar longe da família por bastante tempo é necessário, já que o trabalho dela requer esse esforço. “Saudades, agunia, tensão”, é o que ela sente quando está há quilômetros de distância, mas sempre está em contato com a família através do WhatsApp e vídeo-chamadas. 

"Quando eu chego em casa pulam no meu pescoço, me beijam, a Morgana quase me mata de tanto abraçar e beijar".

A mãe também se preocupa com a edução das filhas. Mesmo de longe, acompanha a filha mais nova nas atividades à distância. No grupo da escola através do WhatsApp, Silvana consegue cobrar da filha o esforço necessário para ter um ano letivo bom e produtivo, apesar da pandemia.

Momentos mais difíceis e outros de emoção

Para todo motorista de carro, caminhão ou carreta, andar pelas estradas sempre acaba se tornando algo perigoso.

Vítimas de acidentes e assaltos de noite ou em plena luz do dia, é algo comum entre os caminhoneiros. Silvana diz ter sorte por nunca ter se envolvido em um acidente de trânsito nestes tantos anos de trabalho, mas relata momentos de tensão ao vivenciar duas tentativas de assalto.

Em uma delas, estava grávida da segunda filha, Morgana, hoje com 11 anos.

Na primeira vez, Silvana ao lado de um colega, em São Paulo, por pouco não foi atacada.

“O cara subiu no estribo do meu lado e colocou a mão pra dentro do caminhão”, conta. “Para a minha sorte, a gente estava praticamente na frente de uma delegacia”.

O outro susto ocorreu há cinco anos, quando Silvana estava subindo a Serra do Cafezal, localizada entre os municípios de Juquitiba, na região metropolitana de São Paulo, e Miracatu, na região do Vale do Ribeira, no estado de São Paulo.

A motorista passou a ser perseguida por um veículo de passeio ocupado por cinco homens armados.

“Me apavorei na hora, mas joguei o caminhão pra cima deles e foi barranco abaixo. Não deu tempo de eles virem atrás, porque eu joguei o carro lá para baixo. Perna para que te quero. O que tinha para acelerar, eu acelerei”, relata.

Apesar de ter passado por momentos de medo e desespero, a mãe também pôde aproveitar as cenas de encher os olhos. Uma em especial que ela lembra bastante, foi o dia em que desceu pela primeira vez as Cordilheiras dos Andes, no Chile.

“O coração bateu muito forte, e ainda tinha gelo na pista”.

Silvana passa boa parte do tempo na estrada, trabalhando. Muitas vezes, passa 26 dias fora de casa e necessita de algo para se ocupar e passar o tempo.

Com o rádio ligado em músicas sertanejas e gaúchas, ou também em rádios locais por onde passa, o chimarrão sempre está ao lado para as paradas mais demoradas.

Além disso, o celular também sempre fica à mão, para que, além de registros fotográficos, ela possa gravar seus vídeos diários dos trabalhos e do dia a dia, para postar nas redes sociais.

Silvana faz jus às mídias que tem. No Tik Tok, por exemplo, a conta da motorista já possui mais de 10 mil seguidores, acompanhada de mais de 170 mil curtidas nos vídeos onde mostra o trabalho com a carreta e também as horas de lazer com os filhos e família.

Ajuda para reforma de caminhão

Silvana possui um caminhão Iveco cavalo 380, ano 2006. Ela conseguiu adquirir o veículo através de um senhor que não conseguiu dar conta das parcelas. Depois que começou a trabalhar na empresa de Chapecó, Silvana contratou um motorista para trabalhar com o caminhão dela.

Alguns meses depois, o motorista acabou se envolvendo em um acidente grave, deixando o veículo bem danificado.

“Estou com as prestações atrasadas, trabalhando, me virando, fazendo campanha para ver se eu consigo arrumar, para eu ir trabalhar com ele”.

Silvana deixou uma chave PIX pessoal para quem quiser ajudá-la nesse processo:

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